A cultura do corpo (ou "a cultura do corpo perfeito" para os exigentes) é ironicamente discutida pela mídia, pelo menos, uma vez a cada um dos 12 meses de cada ano desde, principalmente, mil novecentos e perdi as contas. Portanto, espero estar sendo, no mínimo, o primeiro deste mês. Eu acredito bastante na teoria de que as pessoas que costantemente divagam sobre essa crescente diferença social sejam infelizes em algum sentido ou tenham sofrido profundos traumas na infância, e isso faz sentido, pois só sobram a nós, pessoas (bastante) comuns, a pensar nisso. Essa diferença social entre 'pessoas perfeitas' e 'pessoas comuns' é real, e piora com o passar dos dias. Não que eu fuja desse tema, pois eu também busco padrões justamente para algum dia poder encontrar o meu padrão.
A individualidade, resultado das 40 horas de trabalho semanais e o crescente aumento do medo urbano (apenas como citações para um entendimento mais didático), é outra conseqüência da vida moderna que, aliada às culturas de massa, fez explodir no século XXI uma bomba capaz de turbinar peitorais e glúteos pelo mundo a fora.
Na linha histórica, o corpo e sua cultura particular sempre existiu, seja no período clássico, neoclássico, renascentista, barroco, enfim, hoje. A busca pela determinada "'perfeição" daquele seu específico tempo não somente fez parte do passado como vai fazer parte de todo um futuro e isso é bastante profundo. Essa busca por um padrão se agravou com o surgimento de mídias para a massa como a imprensa, o cinema, televisão e internet. Os padrões, como já dito, foram e são modificados todo o tempo e com a mídia de massa a mudança foi cada vez mais brusca, brusca ao ponto de sempre existir um grupo que podia (e pode) ser facilmente excluído pelo simples fato de não conseguir acompanhar a dinâmica dessas mudanças físicas, seja social, psicológica ou até mesmo biologicamente. A mídia é constantemente reciclada para cada vez atingir um público a mais, além de tender a segurar o seu já fiel público. Essa constante reciclagem é responsável por todos os agravantes da cultura do físico na modernidade.
Rio de Janeiro: é muito comum (para não dizer constante) seu amigo ou sua amiga dizer que não existe excessão quando você comenta ter conhecido uma pessoa gostosa e maravilhosa que seja desta cidade, e que se não for maravilhosa, no mínimo é gostosa. Oras, basta andar por suas belas praias por 10 minutos para se concluir isso. É emanamente impossível encontrar uma 'pessoa comum' em um grupo de corpos esculturais. Essas castas são muito semelhantes aos infantes dos colégios, onde as sempre-existentes crianças que não se encaixam em perfil algum acabam se isolando dos demais ou simplesmente criando uma nova casta entre sí. Eu digo isso porque já fiz parte dos 'feios e estranhos demais' e de uma casta a qual pude me enquadrar, e também já vi que o mesmo ocorre entre aqueles que, no fundo, sempre almejamos ser.
São Paulo: no filme Crash - No Limite (2006) um dos personagens deixa claro que, em cidades como essa, o contato entre as pessoas é tão pequeno que elas precisam se chocar umas com as outras para poderem lembrar o que é isso. Ou seja, nesta situação, quanto maior e mais gostoso você for nessa cidade, mais fácil é de você se chocar com alguém em uma balada. Se não nos comunicamos, nos chocamos. Se somos igualmente fortes o bastante, tudo se iguala, continuamos em pé e provavelmente acompanhados, se somos fracos o suficiente, praticamente já somos espirrados para a porta de saída.
A questão da individualidade é um fator importante nesse assunto e merece esse parágrafo apenas para ela. O medo em se relacionar com outras pessoas que se instalou na sociedade atual é tão grande e chegou a um nível tão extremo que as pessoas se esqueceram para que serve o diálogo, e a comunicação apenas vai existir em situações extremas. Ficamos sempre naquele impasse da vida moderna de nunca puxar o assunto com desconhecidos caso o desconhecido não puxe o assunto primeiro, e como stress e mau humor é o que não falta nos dias atuais, temos medo de dar bom dia a alguém e receber um cascudo de presente. Eu digo isso porque odeio dar bons dias, só não dei cascudo para ninguém até hoje porque, sem dúvida, isso é muito deselegante. Uma vez, sonhando, eu disse (sim, eu converso comigo em meus sonhos): se uma conversa não acontecer entre duas pessoas em 10 minutos é porque não existe comunicação! Eu disse isso sonhando pois, em meu subconsciente, carrego a teoria de que 10 minutos é o tempo suficiente para poder se interagir com sucesso ou não com uma pessoa, mas na prática o eu de meu sonho estava enganado em duas coisas: não é necessário 10 minutos para não haver comunicação e não é necessário uma conversa para haver comunicação.
É aí que o corpo entra. Tudo é baseado nos 5 sentidos principais: a visão, a fala, a audição, o tato e o olfato. O corpo é o primeiro contato visual que temos com uma pessoa. Pela expressão corporal muitas vezes conseguimos traçar um pré-conceito da personalidade do indivíduo, além do que, sabemos também que a visão é o primeiro sentido do ser humano a selecionar o seu parceiro e a fala é a primeira das demais 4 etapas para um determinante, seja apenas para uma amizade, um romance, ou para um nada, mas na prática, hoje em dia, é a menos utilizada. A individualidade e o medo do próximo faz pularmos etapas como a comunicação e é aí onde buscamos a perfeição do corpo, não apenas para satisfazer de imediato a visão do próximo que está adequada à cultura massificada que o rodeia, mas também para o confronto entre os corpos, pois se não nos comunicamos, diretamente nos chocamos. Quanto mais chegamos próximo ao padrão, mais fácil fica de uma padrão chegar a nós e quando isso ocorre a comunicação é deficiente porque ela não importa mais, pois primeiro é o visual e excluindo-se a fala encontramos o impacto.
É essa abstração da realidade que gera o senso entre as 'pessoas comuns' de que as 'pessoas perfeitas' se não frescas, são ignorantes, afinal, a linguagem corporal já basta para a maioria delas e se você não fala essa língua, então você não entende o que elas dizem. Óbviamente que para toda regra existe excessão, essa é a única regra que não existe excessão.
Seja um Zeus ou uma Vênus, uma Raimunda ou um Camarão, estão todos no mesmo bonde da glória máxima do corpão. Uma cabeça não importa mais, a não ser que seja colírio para os olhos.
A individualidade, resultado das 40 horas de trabalho semanais e o crescente aumento do medo urbano (apenas como citações para um entendimento mais didático), é outra conseqüência da vida moderna que, aliada às culturas de massa, fez explodir no século XXI uma bomba capaz de turbinar peitorais e glúteos pelo mundo a fora.
Na linha histórica, o corpo e sua cultura particular sempre existiu, seja no período clássico, neoclássico, renascentista, barroco, enfim, hoje. A busca pela determinada "'perfeição" daquele seu específico tempo não somente fez parte do passado como vai fazer parte de todo um futuro e isso é bastante profundo. Essa busca por um padrão se agravou com o surgimento de mídias para a massa como a imprensa, o cinema, televisão e internet. Os padrões, como já dito, foram e são modificados todo o tempo e com a mídia de massa a mudança foi cada vez mais brusca, brusca ao ponto de sempre existir um grupo que podia (e pode) ser facilmente excluído pelo simples fato de não conseguir acompanhar a dinâmica dessas mudanças físicas, seja social, psicológica ou até mesmo biologicamente. A mídia é constantemente reciclada para cada vez atingir um público a mais, além de tender a segurar o seu já fiel público. Essa constante reciclagem é responsável por todos os agravantes da cultura do físico na modernidade.
Rio de Janeiro: é muito comum (para não dizer constante) seu amigo ou sua amiga dizer que não existe excessão quando você comenta ter conhecido uma pessoa gostosa e maravilhosa que seja desta cidade, e que se não for maravilhosa, no mínimo é gostosa. Oras, basta andar por suas belas praias por 10 minutos para se concluir isso. É emanamente impossível encontrar uma 'pessoa comum' em um grupo de corpos esculturais. Essas castas são muito semelhantes aos infantes dos colégios, onde as sempre-existentes crianças que não se encaixam em perfil algum acabam se isolando dos demais ou simplesmente criando uma nova casta entre sí. Eu digo isso porque já fiz parte dos 'feios e estranhos demais' e de uma casta a qual pude me enquadrar, e também já vi que o mesmo ocorre entre aqueles que, no fundo, sempre almejamos ser.
São Paulo: no filme Crash - No Limite (2006) um dos personagens deixa claro que, em cidades como essa, o contato entre as pessoas é tão pequeno que elas precisam se chocar umas com as outras para poderem lembrar o que é isso. Ou seja, nesta situação, quanto maior e mais gostoso você for nessa cidade, mais fácil é de você se chocar com alguém em uma balada. Se não nos comunicamos, nos chocamos. Se somos igualmente fortes o bastante, tudo se iguala, continuamos em pé e provavelmente acompanhados, se somos fracos o suficiente, praticamente já somos espirrados para a porta de saída.
A questão da individualidade é um fator importante nesse assunto e merece esse parágrafo apenas para ela. O medo em se relacionar com outras pessoas que se instalou na sociedade atual é tão grande e chegou a um nível tão extremo que as pessoas se esqueceram para que serve o diálogo, e a comunicação apenas vai existir em situações extremas. Ficamos sempre naquele impasse da vida moderna de nunca puxar o assunto com desconhecidos caso o desconhecido não puxe o assunto primeiro, e como stress e mau humor é o que não falta nos dias atuais, temos medo de dar bom dia a alguém e receber um cascudo de presente. Eu digo isso porque odeio dar bons dias, só não dei cascudo para ninguém até hoje porque, sem dúvida, isso é muito deselegante. Uma vez, sonhando, eu disse (sim, eu converso comigo em meus sonhos): se uma conversa não acontecer entre duas pessoas em 10 minutos é porque não existe comunicação! Eu disse isso sonhando pois, em meu subconsciente, carrego a teoria de que 10 minutos é o tempo suficiente para poder se interagir com sucesso ou não com uma pessoa, mas na prática o eu de meu sonho estava enganado em duas coisas: não é necessário 10 minutos para não haver comunicação e não é necessário uma conversa para haver comunicação.
É aí que o corpo entra. Tudo é baseado nos 5 sentidos principais: a visão, a fala, a audição, o tato e o olfato. O corpo é o primeiro contato visual que temos com uma pessoa. Pela expressão corporal muitas vezes conseguimos traçar um pré-conceito da personalidade do indivíduo, além do que, sabemos também que a visão é o primeiro sentido do ser humano a selecionar o seu parceiro e a fala é a primeira das demais 4 etapas para um determinante, seja apenas para uma amizade, um romance, ou para um nada, mas na prática, hoje em dia, é a menos utilizada. A individualidade e o medo do próximo faz pularmos etapas como a comunicação e é aí onde buscamos a perfeição do corpo, não apenas para satisfazer de imediato a visão do próximo que está adequada à cultura massificada que o rodeia, mas também para o confronto entre os corpos, pois se não nos comunicamos, diretamente nos chocamos. Quanto mais chegamos próximo ao padrão, mais fácil fica de uma padrão chegar a nós e quando isso ocorre a comunicação é deficiente porque ela não importa mais, pois primeiro é o visual e excluindo-se a fala encontramos o impacto.
É essa abstração da realidade que gera o senso entre as 'pessoas comuns' de que as 'pessoas perfeitas' se não frescas, são ignorantes, afinal, a linguagem corporal já basta para a maioria delas e se você não fala essa língua, então você não entende o que elas dizem. Óbviamente que para toda regra existe excessão, essa é a única regra que não existe excessão.
Seja um Zeus ou uma Vênus, uma Raimunda ou um Camarão, estão todos no mesmo bonde da glória máxima do corpão. Uma cabeça não importa mais, a não ser que seja colírio para os olhos.
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